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segunda-feira, 27 de junho de 2011

TERCEIRO CURSO DE GESTÃO DE RECURSOS HÍDRICOS NO CBH-PARANAÍBA

GESTÃO DE RECURSOS HÍDRICOS NO CBH-PARANAÍBA

TERCEIRO CURSO DE CAPACITAÇÃO E DIFUSÃO TECNOLÓGICA
PARA TÉCNICOS DE NÍVEL SUPERIOR E DEMAIS INTERESSADOS
QUE ATUAM NA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO PARANAÍBA

Curso oferecido pela Universidade de Brasília e instituições
colaboradoras, com financiamento do CNPq/ CT-HIDRO/ ANA, processo
403339/2008-1.

PRIMEIRA CHAMADA PARA INSCRIÇÃO NO CURSO III

A inscrição no Curso III significa inscrição nas disciplinas 7, 8 e 9.
Não é preciso ter feito os Cursos I e II para se inscrever no curso III.

A Universidade de Brasília (UnB), com apoio do Centro de Seleção e
Promoção de Eventos da UnB (CESPE), do Instituto Brasileiro de Estudos
e Ações em Saneamento Ambiental e
Gestão Recursos Hídricos (IBEASA) e da OSCIP Interaguas, oferece, no
âmbito do Projeto “Cursos de capacitação e difusão tecnológica para
técnicos de nível superior e demais interessados que atuam na bacia
hidrográfica do Rio Paranaíba”, o terceiro curso de 60h, constituído
das disciplinas 7, realizada na modalidade a distância, 8 e 9,
realizadas com encontros presenciais, todas com 20h de duração.

Temas centrais: Gestão de recursos hídricos e gestão ambiental. Os
múltiplos usos da água.

Disciplina 7, a distância: de 7 a 31 de julho de 2011.
Disciplina 8, Goiânia (GO): de 25 a 27 de agosto.
Disciplina 9, em Brasília (DF): de 22 a 24 de setembro.

INFORMAÇÕES SOBRE O CURSO III: O terceiro Curso (Disciplinas 7, 8 e 9)
foi desenhado para promover oportunidades de reflexão e discussão
sobre a relação entre a gestão de recursos hídricos e a gestão
ambiental, a partir da experiência concreta de representantes de
outros organismos de bacia do país, dos órgãos gestores das unidades
da federação GO, MG e DF. A interação entre diferentes atores durante
o Curso permitirá o fortalecimento de uma rede de intercâmbio de
informações a respeito da bacia hidrográfica do Paranaíba.

Público a que se destina o Curso III:
• membros do CBH-Paranaíba e de outros comitês,
• funcionários de prefeituras municipais e de órgãos gestores
estaduais cujas competências se relacionam com a gestão dos recursos
hídricos, e
• organizações da sociedade civil, atuantes na área de recursos hídricos.

Principais objetivos:
• Capacitar profissionais de diversas áreas e demais interessados para
atuar junto ao Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Paranaíba, a órgãos
municipais e estaduais cujas competências se relacionam com a gestão
dos recursos hídricos e a organizações da sociedade civil envolvidas
na gestão dos recursos hídricos na área da bacia do Rio Paranaíba.
• Promover a difusão de tecnologias adequadas para o gerenciamento
sustentável de recursos hídricos entre atores diversos que atuam na
bacia do rio Paranaíba.
• Contribuir para a formação da Rede Nacional de Formação de
Capacidades e Extensão Tecnológica para Gestão da Água, a partir da
organização da equipe técnica que participará deste projeto e da
articulação desta com outras redes já existentes.

Ao final dos cursos de capacitação, os participantes deverão:
• compreender a natureza multidisciplinar do processo de gestão de
recursos hídricos;
conhecer os diferentes fundamentos, objetivos, diretrizes e
instrumentos da Política Nacional de Recursos Hídricos;
• compreender o processo atual de gestão dos recursos hídricos na
região, no Brasil e no mundo;
• conhecer tecnologias adequadas para a gestão sustentável dos
recursos hídricos;
• incorporar práticas para a gestão e/ou manejo sustentável da água;
• exercer seu trabalho de forma mais eficaz e eficiente, melhorando,
conseqüentemente, o desempenho de sua instituição.

REQUISITOS MÍNIMOS PARA PARTICIPAÇÃO NO CURSO III: Tempo de estudo de
8 horas semanais para a disciplina a distância e disponibilidade para
viajar para Goiânia e Brasília, nas datas previstas (a serem
confirmadas até o início do Curso III) onde serão realizadas as
atividades presenciais, por 3 dias (os custos de viagem e hospedagem
não são cobertos pelo projeto).
INFORMAÇÕES SOBRE A DISCIPLINA 7 (a distância): Sobre a metodologia,
as atividades on-line em plataforma Moodle estimulam a navegação e o
compartilhamento de reflexões com colegas. A partir do material
didático, o participante é assistido por tutores que guiam seu
processo de aprendizado por meio de leituras, vídeos, exercícios,
elaboração de artigos acadêmicos e participação em ferramentas de
discussão.
Cada participante deve dedicar cerca de 8 h/semana ao curso. Os
participantes deverão fazer suas atividades dentro de prazos
estabelecidos pela coordenação. Requisitos mínimos para participação
na disciplina 7:
• Configuração mínima de equipamento para participação na disciplina:
PC pentium 160 MHz -64 Mb RAM - Kit Multimídia (placa de som e CD-ROM)
• Sistema operacional Windows 98, 2000, XP ou Vista, com Internet
Explorer 6 ou acima.
• Dispor de acesso regular à Internet, possuir endereço de correio
eletrônico (e-mail).
• Ter conhecimento/experiência no uso da internet, correio eletrônico
e informática básica (Word, Excel e powerpoint, ou similares).

INFORMAÇÕES SOBRE AS DISCIPLINAS 5 e 6 (presenciais): Os encontros
presenciais combinam conhecimentos teóricos e principalmente
discussões sobre a prática de conciliar os múltiplos usos dos recursos
hídricos em uma gestão integrada. Aspectos ambientais da gestão também
serão incorporados aos debates.

PROCESSO AVALIATIVO E CERTIFICAÇÃO: O processo avaliativo começará com
a avaliação da disciplina 7, por meio de exercícios, trabalhos
escritos e prova de conhecimentos no primeiro encontro presencial. Os
encontros presenciais terão, além das aulas expositivas, várias
atividades em grupo, debates e apresentações de trabalhos, elaborados
sob a supervisão dos professores. A certificação do participante está
condicionada às notas recebidas nas atividades realizadas, além do
registro de presença em, no mínimo, 75% da carga horária das
atividades presenciais.

CORPO DOCENTE:
• Coordenador do Projeto: Prof. Dr. Paulo Salles, UnB.
• Coordenadora da Disciplina 7: Maria do Carmo Zinato
• Coordenadores das Disciplinas 8 e 9: Maria Angélica Valério e
Fernando Rodriguez
• Participações no Curso III: representantes de comitês de bacia
hidrográfica brasileiros, professores universitários que atuam junto a
comitês de bacia, especialistas de órgãos gestores das unidades da
federação que compõem a bacia hidrográfica do Paranaíba.

Inscrições de 27 de junho a 7 de julho

Matrícula: Envie um e-mail para cursos.paranaiba@gmail.com com as
seguintes informações:
Nome, endereço para correspondência, telefones, Instituição a que
pertence e cv resumido.

Vagas: Para o curso a distância serão aceitos todos os interessados em
aumentar seus conhecimentos a respeito da relação entre gestão de
recursos hídricos e sua relação com a gestão ambiental. Os
participantes que cumprirem toda a pontuação necessária, poderão
participar, se desejarem, das disciplinas presenciais 8 e 9.

Custos: Os custos são cobertos pelo projeto aprovado pelo CT-HIDRO,
exceto custos de viagem e hospedagem de alunos nas cidades onde se
realizam as disciplinas presenciais.

Período da disciplina 7 a distância: Plantaforma do CESPE-UnB: de 07 a
31 de julho.
Período das disciplinas presenciais: Disciplina 8, Goiânia (GO): de 25
a 27 de agosto.
Disciplina
9, em Brasília (DF): de 22 a 24 de setembro.

Contatos: cursos.paranaiba@gmail.com

Atenção: Não é preciso ter feito o Curso I ou II para se inscrever no
Curso II. Ao inscrever-se no Curso III, você está se inscrevendo nas
disciplinas 7, 8, e 9.

domingo, 19 de junho de 2011

O ESPÍRITO DA ÁGUA

A crise da água é a turvação do espírito.

Por Vera Lessa Catalão *

"Em termos cósmicos a água é mais rara que o ouro".
Hubert Reeves

Na água lançamos os nossos fétidos esgotos. Na água lançamos a química mortal dos nossos adubos e pesticidas agrícolas. E a água leva rapidamente tudo que não queremos ver refletido. O que corre pelos nossos rios é a morte que cotidianamente produzimos, a nossa e de outras espécies. invertemos a cadeia da vida e não nos damos conta do poder que exercemos sobre a vida, nem do eco das nossas ações. A água oceânica de onde viemos, as águas planetárias que nos gestaram e nutriram, carregam hoje um presságio de morte.

Assim como um espelho d’água reflete o céu, a consciência humana reflete a ação criadora do homem no mundo. Turva a limpidez das águas, turvo o reflexo. A nossa crise atual é uma crise de consciência e de responsabilidade diante do potencial letal do nosso projeto civilizador. Como a água representa simbolicamente o recanto inconsciente do espírito onde as memórias rejeitadas são alojadas e a origem primordial dorme esquecida, nós fizemos dela o depósito da poluição que produzimos ao longo da nossa história.

Os pesquisadores da Organização Mundial de saúde afirmam que mais de 70% das doenças no planeta são provenientes da contaminação das águas. Do Fórum mundial da água realizado na Holanda em março de 2000 ouvimos o alerta sobre crise de água doce que ameaça a humanidade ainda nas primeiros décadas deste milênio. Em Paris, no ano de 1998, os especialistas anunciavam que 1 bilhão e 400 mil pessoas não têm acesso a água potável. No Brasil, em grandes cidades como São Paulo e Recife, racionamos água. No III Fórum Mundial da Água, realizado recentemente realizado em Kioto, no Japão, conhecemos os mais novos números da crise mundial das águas.

Se falta água limpa, salubre para aplacar nossa sede, falta consciência para zelar, preservar e despoluir nossas fontes e reservas de água de superfície e subterrânea. Mesmo nossas águas subterrâneas guardadas por milênios nós conseguimos poluir. A poluição invisível das águas profundas - ainda mais grave e de difícil de reversão – é a face escondida do quadro de degradação observada nas águas de superfície. E mesmo as chuvas que purificam as águas, em algumas regiões do planeta, tornam-se ácidas como resultado da poluição do ar.

O biólogo alemão Theodore Schwenk em sua obra « O caos sensível » constata que perdemos primeiro o contato espiritual com a água e hoje perdemos o contato com o elemento físico. Como contato espiritual ele define a compreensão profunda da natureza simbólica da água. Para o poeta alemão Novalis, a água é a matriz de todos os processos circulatórios, dotada de plasticidade, adaptabilidade a todos os espaços e relevos, elemento sensorial por excelência, meio ótimal de trocas, misturas e encontros.

O cientista francês Jacques Benveniste, autor da controvertida e instigante teoria sobre a memória da água, está convencido que este é o elemento que permite a comunicação entre as moléculas, mesmo quando distantes uma das outras. O que reitera a capacidade de mediação da água revelada nos mitos e nas artes.

Diante da perda de contato com a dimensão simbólica da água apontada por Theodore Schwenk, não é difícil perceber a razão pela qual a crise mundial da água espelha a crise de consciência da nossa civilização. Se não aceitamos o reflexo que a água nos devolve, nem a revelação das metáforas, não podemos recusar o que nos diz o nosso corpo que contém em média 70% de água, nas mesmas proporções do circuito planetário. Dentro de nós circula o elemento líquido em artérias, veias e capilares de modo muito semelhante ao sistema de irrigação das bacias hidrográficas. Faltam critérios éticos e decisão política para cuidar das nossas águas, assim como da sobrevivência planetária : a degradação de gente e ambiente são verso e reverso da nossa inconseqüente gestão da vida.

Atualmente, o « mercado » parece ser a força onipotente que dirige a consciência das nações, haja vista as declarações reiteradas do presidente americano George Bush quando recusa-se assinar o protocolo de Kioto para redução da emissão de Co2 na atmosfera, argumentando que este tipo de controle não corresponde aos interesses econômicos dos EUA.

Sem dúvida os governos têm um importante papel a desempenhar na solução desta crise, mas sabemos que não podemos esperar sentados por grandes revoluções. O século passado parece tê-las enterrado. Como compreendia o filósofo francês, Felix Guatarri, este é o tempo de revoluções moleculares. As transformações são fecundadas em indivíduos e pequenos grupos com grande poder de disseminação e enraízam-se na simplicidade dos gestos cotidianos.

Mesmo diante da força política e econômica que representa os EUA, eu acredito que nós, cidadãos planetários, temos relativa autonomia para mudar nosso cotidiano. Quem sabe simples gestos diários possam inverter o sentido dessa trajetória. O pequeno David não conseguiu vencer o gigante com ajuda de uma funda? Se o mercado é poderoso e onipresente, o consumo do cidadão é o ponto nevrálgico do sistema, semelhante a um ponto de acupuntura chinesa. Revestir de cuidado os gesto cotidianos poderá reverter essa magia insana que irriga de morte o tecido da vida.

A persistência da conspiração silenciosa produzida pelos pequenos grupos (revoluções moleculares de Felix Guattari) que resolveram adotar a ética do cuidado a que se refere Leonardo Boff e a estratégia ecológica dos 3 R ( reutilizar, reciclar e reduzir o consumo) conseguirão, quem sabe, um dia, deter o avanço desse gigante moderno de mil tentáculos, de muitos nomes e nenhuma alma.

No trabalho com educadores costumo dizer que quando fechamos uma torneira estamos permitindo a uma fonte o sagrado direito de fluir e a um rio o direito essencial de percorrer o vale. Quem sabe por uma ação responsável na vida cotidiana, nós, amorosos anônimos da água possamos devolver ao planeta Terra sua matriz perene de Vida e exclamar como Guimarães Rosa - o melhor de tudo é a água.



* Vera Lessa Catalão é especialista em educação ambiental e doutora em Ciências da Educação pela Universidade de Paris VIII - França.

quarta-feira, 8 de junho de 2011

As APPs do Rio Meia Ponte

Código florestal e água
As APPs do Rio Meia Ponte
Goiás precisa discutir se quer seus rios com ou sem áreas de preservação permanente, ou seja, rios vivos ou rios mortos; a questão é crucial e tem levantado polêmica no Congresso
Ivan Bispo
Especial para o Jornal Opção
“A saúde e o bem-estar do homem, a garantia de alimentos, o desenvolvimento industrial e o equilíbrio dos ecossistemas estarão sob risco se a gestão da água e do solo não se tornar realidade, na presente década, de forma bem mais efetiva do que tem sido no passado.”
Declaração de Dublin, sobre recursos hídricos e desenvolvimento (1992)

Um dos pontos do novo Código Florestal que tem suscitado acalorado debate são as Áreas de Preservação Permanente (APPs), que, na definição da Agência Nacional de Águas (ANA), “são áreas protegidas cobertas ou não por vegetação nativa, com a função ambiental de preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica, a biodiversidade, o fluxo gênico de fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem estar da população humana.

Consideram-se como APPs as faixas marginais de cursos d’água; ao redor de nascente ou olho d’água; ao redor de lagos e lagoas naturais ou artificiais; em veredas; restingas; no topo de morros e montanhas; nas linhas de cumeadas; em encosta ou parte desta, com declividade superior a quarenta e cinco graus na linha de maior declive; nas escarpas e nas bordas dos tabuleiros e chapadas, a partir da linha de ruptura em faixa nunca inferior a cem metros em projeção horizontal no sentido do reverso da escarpa; em altitude superior a mil e oitocentos metros; nos locais de refúgio ou reprodução de aves migratórias e nos locais de refúgio ou reprodução de exemplares da fauna ameaçada de extinção que constem de lista elaborada pelo Poder Público Federal, Estadual ou Municipal.

Por ser a de mais fácil fiscalização, uma das categorias mais discutidas de APP são as matas ciliares, que definimos a seguir. Mata ciliar: vegetação nativa que margeia os corpos e os cursos d’água e que são de extrema importância tanto para formação de corredores ecológicos como para a proteção dos mananciais. Contribui na alimentação de parte da ictiofauna, minimiza os efeitos da erosão e do assoreamento, controla o regime hídrico, e reduz a poluição das águas provenientes de agrotóxicos aplicados na agricultura.  A preservação dessas áreas é de fundamental importância para a proteção dos recursos hídricos, pois além da fixação das bordas do curso d’água pelas raízes, elas desempenham um papel de filtro contra as águas (muitas vezes carreando material contaminante) que sobrevêm das partes mais altas.”

Sendo a água fator preponderante no desenvolvimento do Estado de Goiás, diversos usuários dependem dela, principalmente a agricultura irrigada, pecuária, turismo, geração de energia elétrica. Preservá-la em quantidade, quanto em qualidade, é de suma importância para o nosso desenvolvimento.

No outrora piscoso Rio Meia Ponte, hoje, um dos mais poluídos do Brasil, para nós goianos é um “belo” exemplo da importância da mata ciliar. Sem a sua mata ciliar, transformou-se num rio assoreado, sem peixes, com esgoto, erosão, a biodiversidade ficou menor, e suas águas impedidas de serem utilizadas na criação de peixes, na agricultura irrigada, no turismo, na pecuária.

No debate sobre o novo Código Florestal, Goiás também está discutindo o seu, com audiências públicas já realizadas e a serem realizadas. É preciso ficar atento para dizer qual o rio que queremos. Se com APPs ou sem.
Ivan Bispo é presidente da Amigos das Águas (AMA) e membro dos GTs Comitês e Plano do CBH-Paranaíba.